Há alguns anos escutei que a próxima geração (a Z talvez? não lembro, desculpem) terá uma média de 5 “carreiras” ao longo da vida. 5 experiências bastante diferentes entre si, de acordo com as suas necessidades de vida e seus interesses em cada momento. Eu, que vinha em uma trajetória bastante linear, fiquei intrigada pela ideia.
Nas últimas semanas, lembrei disso. E comecei a, mais uma vez, como tem sido comum nos últimos 2 anos, refletir sobre todas as mudanças que já passei na minha carreira. E percebi que talvez eu não tenha tido uma grande variação entre tipo de função nela, mas identifiquei 3 grandes tempos, diferentes, com variações de focos e prioridades.
Primeiro tempo - Foco em aprendizado e experiência internacional
2006 - 2016
Empresas: Arqsoft, Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, Tramontina
Modelo de trabalho: 100% presencial
Comecei a trabalhar cedo, ainda no colégio, quando era estagiária na empresa de arquitetura e engenharia da família, a Arqsoft, e fazia “serviço de banco” (uma função basicamente extinta), às tardes. Eu buscava cheques de bicicleta e me divertia voando as tranças pela cidade. Ali comecei a desenvolver o músculo da responsabilidade e do comprometimento.
Depois, já na faculdade de Relações Internacionais, fui ter a minha primeira experiência mais corporativa: passei no programa de trainees da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha (o processo seletivo era bem difícil, tanto que eu só passei na segunda tentativa - a persistência, que definiu essa fase, já estava presente desde a porta de entrada). Ali, o desafio era, em 6 meses, associar o maior número de empresas possíveis à Câmara, vendendo seus benefícios a partir de ligações infinitas e algumas suadas reuniões. O programa acontecia a nível nacional, e o trainee com melhor resultado ganhava de presente um estágio de 3 meses no Merkosur Projekt Büro - o escritório de projetos deles em Frankfurt, na Alemanha.
Vejam bem, o ano era 2009. Não havia smartphone. Não havia internet 4G. O Linkedin estava engatinhando.
Eu coloquei na minha cabeça que ganharia o programa, de qualquer jeito. Eu tinha zero noção, mas MUITA energia pra isso. Meu pai me emprestou o carro da empresa dele pra que eu pudesse fazer as visitas e reuniões - corajoso ele, pois eu, que sempre fui do tipo desastrada, tinha uma carteira de motorista recente e já algumas batidinhas no currículo. Saía da faculdade ao meio-dia, comia um sanduíche de almoço no carro mesmo, e me aventurava naquele golzinho branco por Porto Alegre e região metropolitana, com mapas impressos (sim, impressos), de como ir de uma empresa para outra.
Após aprender muito de vendas, muita correria, muita emoção e mais algumas batidas (meio) inofensivas (rsrs), consegui associar 25 empresas em um semestre, o número recorde daquela turma de trainees, e com isso ganhei o programa e o prêmio. Lembro direitinho do email enviado a toda a empresa, em uma sexta-feira, final de tarde, me anunciando como vencedora, e o sentimento de satisfação que me tomou. A Alemanha me esperava e todo aquele suor e transpiração iam se pagar. Mas antes, no semestre seguinte, eu ainda fiquei como trainee sênior e tive minha primeira experiência de liderança: sob minha gestão e aplicando todos os aprendizados do ciclo anterior, mais um trainee de Porto Alegre ganhou o programa - e ver ele ganhar com a minha ajuda foi quase mais legal do que quando fui eu originalmente!
Em 2010, passei os desejados 3 meses trabalhando na Alemanha. O escritório ficava na bolsa de valores de Frankfurt. Estar naquele ambiente foi divertido e estimulante, especialmente pra mim, que também era estudante de economia; eu pude praticar o alemão, idioma que eu já vinha estudando há alguns anos, e conhecer um estilo de trabalho um pouco diferente, já mais light e eficiente do que eu via no Brasil.
Voltando pra casa, devido ao meu bom desempenho no programa de trainees tive duas propostas de trabalho pra escolher: trabalhar no family office da Gerdau na área de investimentos ou no marketing internacional da Tramontina, duas fortes empresas gaúchas. Eu, que naquela época tinha como objetivo quase único uma carreira corporativa em uma multinacional, mal podia acreditar que estava tendo oportunidades tão incríveis. O lado da comunicação já batia mais forte e eu optei pelo marketing.
Trabalhei no marketing internacional da Tramontina de 2011 a 2016, o período mais longo até hoje em um local só (tenho um feeling de que agora, com a PZB Consultoria e Mentoria, vou superar isso 🙂). Entrei sabendo vários nadas de marketing e saí sabendo bastante sobre marketing tradicional e offline, mas ainda pouco de marketing digital, que estava engatinhando na época.
Na Tramontina eu tive o emprego que todos meus amigos achavam que era dos sonhos, pois envolveu muitas viagens, especialmente internacionais. A empresa exportava para 120 países e tinha investimentos de marketing em cerca de 40, e meu trabalho era ajudar a supervisionar esses investimentos e ações em alguns deles. Eu, com 23-24 anos, passei a viajar com frequência para países aqui de perto, como Bolívia e Paraguai, que estavam entre os maiores mercados; e também de longe, como Rússia, Letônia, Emirados Árabes e Catar, em que as facas Tramontina eram super reconhecidas. Voos, jantares com clientes, visitas a lojas e distribuidores faziam parte da agenda.
Também passei a ser a responsável por coordenar o stand e a presença da Tramontina em duas feiras anuais na Alemanha, em que o foco era a linha Tramontina Churrasco e eu tinha que pensar, junto com a equipe de exportação, as melhores formas de traduzir esse conceito para o mercado europeu. E por fim, nos últimos dois anos, virei responsável por marketing e vendas em 7 países da Europa: Portugal, Espanha, Itália, Noruega, Finlândia, Suécia e Dinamarca, envolvendo fazer a gestão, então como uma mulher de 25 anos, de 7 representantes comerciais homens com mais de 50 e há décadas no cargo, fazendo sempre tudo do mesmo jeito. Fui chamada para assumir o desafio de sacudir aqueles mercados e começar a entregar mais resultado. Liderar esse grupo, ganhar o respeito deles, não foi nada fácil, mas foi recompensador. Após 2 anos de trabalho, conseguimos resultados expressivos como ir de 10 a 200 pontos de venda de Tramontina na Noruega, por exemplo.
Nos 5 anos de Tramontina, o esquema de trabalho era “tradicional". Trabalhava das 8 às 18h, com 1h12 de almoço (e aqueles doze minutos eram sempre aproveitados ao máximo rsrs), todos os dias, no escritório. Era um modelo super rígido - apenas quando viajava não havia controle de horas. Mas era basicamente o modelo que eu conhecia, tendo também as suas vantagens, que eu só fui reconhecer depois: eu desligava o computador às 18h e não pensava mais em trabalho até às 8h do dia seguinte.
Esse modelo era tradicional não só pelo horário, mas pelo estilo, do ambiente à gestão. As pessoas em cargos de direção trabalhavam lá a vida inteira, havia uma grande valorização da “prata da casa", o crescimento era lento, e a gestão era, majoritariamente, familiar e não tão atualizada. Eu começava a me incomodar com tudo isso e a perceber que, como uma jovem mulher, eu podia e queria mais. Eu adorava o meu trabalho e a função que exercia, mas não tanto o ambiente. Queria crescer mais e mais rápido. Queria mais desafio.
E ele veio, no segundo tempo, na Uber.
O primeiro tempo foi tempo de plantar e de aprender. De aprender marketing, aprender a vender, aprender o poder da disciplina, aprender a me posicionar, aprender a comunicar em diferentes contextos e culturas. Aprender onde eu queria e podia estar.
Segundo tempo - Foco em crescimento e liderança
2016-2023
Empresas: Uber, Oyo, Warren, PM3
Modelo de trabalho: híbrido ou remoto
Cheguei na Uber para ser marketing manager após ser seduzida em um longo processo seletivo. Naquela época, a empresa inaugurava suas operações na cidade, e mantinha uma equipe local justamente para trazer esse tempero - um dos valores era “build global, live local” (construa globalmente, viva localmente).
Agora, ao invés de levar uma marca brasileira para fora, coisa que eu tinha aprendido muito ao trabalhar principalmente com Tramontina Churrasco na Europa, eu tinha que trazer uma marca americana para o Brasil. Uma marca que chegou com tudo e quebrando muita coisa. Principalmente a indústria de táxis.
O desafio inicial era trabalhar a reputação da Uber e fazer com que as pessoas entendessem que a marca não era ilegal e que estava, na verdade, servindo a um propósito nobre: oferecer uma opção de locomoção mais segura e mais barata do que as que existiam até então. Trabalhei muito nisso e em iniciativas locais, desde patrocínios de Grêmio e Inter, adoção da Orla do Guaíba, campanhas como UberAgasalho e UberIceCream, e parcerias com influenciadores e empresas locais. Depois de um tempo, conquistei a responsabilidade de gerir o marketing não só de Porto Alegre, mas de toda a região sul do Brasil e também do Centro-Oeste.
Após 5 anos em um ambiente mais lento e de metas anuais, passei a ter que aprender a trabalhar e a entregar resultado em um ambiente de crescimento ultra acelerado, em que as metas eram semanais. Trabalhava o tempo todo, sem nenhum limite de horário. Ia ao escritório, mas também levava o trabalho, no notebook, pra casa. Finais de semana aproveitava para “colocar em dia” tudo que não tinha dado conta nos dias anteriores. Passei a amar aquilo. Eu ainda tinha muita energia, muita motivação e muita vontade de me provar capaz (ou seria insegurança?) - nos primeiros 6 meses a síndrome da impostora pegou forte ao ver tanta gente inteligentíssima trabalhando ao meu redor, e eu achava que qualquer momento seria “descoberta” e mandada pra rua.
Não aconteceu. Me moldei fácil àquele ambiente e, colocando trabalho acima de qualquer outra coisa na vida, entreguei rápido muito resultado.
Mas mais do que entregar resultado de negócio, eu aprendi principalmente sobre liderança nesse período. Foi aí que eu realmente cresci.
Comecei a liderar um time que foi de 1 a 7 pessoas, em que eu conquistei cada headcount (posição de trabalho), com argumentação da necessidade de negócio. A primeira pessoa, a Fê, foi minha cobaia, coitada rsrs.
Eu vinha de um histórico de ser reconhecida como líder “natural” na maior parte dos ambientes que eu já tinha frequentado, desde a escola, então, quando assumi como Senior Marketing Manager na Uber e comecei a liderar pessoas, achei que também seria natural. Me enganei. Errei.
Comecei errando principalmente pois tinha uma tendência muito forte a querer que meus liderados fossem como eu: agissem como eu, fizessem entregas como eu, talvez até pensassem como eu. Eu era dura, cobrava muito.
A sorte foi que a Uber já tinha um processo estruturado de revisão de performance 360, em que eu era avaliada pelo meu gestor, meus pares e meus liderados. A partir desse processo eu recebi duros e generosos feedbacks que me fizeram evoluir. Eu também conheci lá a filosofia de gestão Empatia Assertiva, do livro de mesmo nome de Kim Scott, que me ensinou como ser uma líder incisiva sem perder a humanidade - eu e meus pares lemos esse livro juntos e todos conseguimos, a partir dele, elevar nosso nível de liderança. Mantivemos as entregas de negócio, mas colocamos as pessoas no centro delas. E isso mudou tudo.
Acabei saindo da Uber no primeiro layoff que se teve notícia na indústria tech no Brasil, após o IPO (abertura de capital) e a necessidade de corte de custos. Foi duro, mas eu não levei ressentimentos. Falei bastante disso nesse texto aqui, pra quem quiser entender mais.
Depois disso, logo entrei na Oyo, uma startup indiana que era basicamente uma franquia de hoteis e que estava entrando no Brasil. Acho que essa foi a minha experiência de trabalho mais doida! Ali entrei como Operations Manager, me distanciando um pouco do marketing e olhando mais para as operações dos hoteis da empresa no Brasil. Traduzir as orientações e ideias dos indianos, já que a empresa era super consolidada por lá, para o mercado brasileiro, ainda informal mas mais formalizado do que na Índia, foi doido e interessante. Junto com meu time de consultores de operações, conseguimos ter um dos maiores índices de satisfação de clientes do Brasil.
Saí da Oyo a partir de uma proposta quase irresistível: ser CMO (Chief Marketing Officer) da Warren, o cargo mais alto que já ocupei. Era abril de 2020, o início da pandemia. O mundo, assim como eu, se adaptava ao trabalho remoto.
Eu cheguei na empresa e o time estava carente, sem liderança há um bom tempo. Eram cerca de 15 pessoas, todas horizontais, sem liderança formal. No primeiro ano, me dediquei a estruturar aquele time, a desenvolver as sub-lideranças ou middle managers, e a entender como liderar um time remotamente. Com as experiências de liderança da Oyo e principalmente da Uber, eu cheguei mais segura e melhor preparada para isso. E logo passei a criar relações de confiança e a ter reconhecimento do meu time como uma boa líder.
Fui crescendo junto com aquela equipe, que no seu auge chegou a 40 pessoas. Formamos um verdadeiro dream team, com 7 lideranças que junto comigo faziam uma gestão assertiva, estratégica e humana. Fizemos muitas entregas, incluindo uma campanha 360o on e offline, em que tivemos resultados expressivos na marca e no negócio, com alto crescimento na abertura de contas. No final de 2021, recebi do time um prêmio simbólico de “CMO de 2021" - não era nada oficial, mas era uma demonstração de como o time se sentia em relação a mim. E esse foi um dos maiores reconhecimentos que já recebi até hoje na minha vida profissional.
Acabei sendo desligada da Warren em uma das maiores decepções da minha carreira. Apesar de eu ter muito alinhamento e reconhecimento da minha equipe, eu tive dificuldades com a alta liderança, que não valorizava o tipo de gestão que eu fazia, colocando as pessoas no centro. Me senti traída, enganada. Menos de 2 meses antes, eu tinha recebido um belíssimo feedback da alta liderança e até mais ações da empresa. Em 2 anos, eu tinha dado a minha alma por aquele lugar: foi a experiência de trabalho que eu mais trabalhei em termos de horas e a que eu mais me desgastei, emocionalmente, pela pressão da entrega e por eu ter que exercer um papel de ser filtro de tudo que eu recebia da alta gestão, com frequentes top downs que muitas vezes não concordava, e mesmo assim tinha que passar para o time com sorriso no rosto. Sei que isso faz parte da maioria das posições de liderança, mas muitas vezes, as decisões feriram minha filosofia de trabalho. Isso doía, mas meu profissionalismo me fazia seguir.
Por isso, mesmo decepcionada com o desligamento, eu estava também aliviada. Me sentia livre, depois de tanto tempo em que a empresa, mais uma vez, tinha sido a maior prioridade da minha vida. Ela tinha sugado todo o espaço, deixando pouquíssimo lugar para uma vida fora do trabalho. Decidi que eu não aceitaria mais condições como aquelas e que iria, com calma, encontrar um lugar que fosse mais justo e humano. Até porque eu já pensava em engravidar e via que para isso, o ambiente precisava ser diferente.
Minha última experiência de trabalho CLT foi como Head de Marketing na PM3, uma edtech (startup de educação) de cursos para o mercado digital. A promessa era que fosse um local que colocasse o bem estar dos funcionários como objetivo principal, mas, na prática, pelo menos para mim, não foi. A pressão era intensa e os recursos escassos, o que fazia com que a carga de trabalho fosse enorme para mim e para todo o time que eu liderava. Passei ali pela minha primeira perda gestacional e não parei de trabalhar, não tive folga - por falta de firmeza e noção minhas e por falta de acolhimento e noção deles. Comecei a perceber que esse tipo de lugar já não servia mais para mim e para meu momento de vida.
O 2o tempo da minha carreira foi quando eu mais cresci e me desenvolvi como líder, mais aprendi sobre o mercado de tecnologia e ambientes de crescimento acelerado, mais trabalhei em termos de horas e mais demandei da minha carga mental, pois o cérebro nunca descansava; foi quando eu mais ganhei dinheiro, mais tive flexibilidade teórica e menos prática, e mais coloquei o trabalho como centro da minha vida.
Só que aí eu percebi que ele não podia mais ser. E pra isso chegou o terceiro tempo.
Terceiro tempo - Foco em significado e reconstrução
2023 - agora
Empresas: PZB Consultoria e Mentoria, newsletter Somos Nós.
Modelo de trabalho: remoto
Ser mãe era e sempre foi meu maior sonho. Como não deve ser novidade para a maioria que me lê, esse sonho teve um processo longo e duríssimo para ser realizado, passando por dois abortos espontâneos, três cirurgias e injeções diárias na minha terceira gestação. Ao passar pelas minhas perdas gestacionais, eu entendi que, se eu queria ser mãe, essa teria que ser a minha maior prioridade. Depois de mais de 15 anos de mercado corporativo, eu percebi que, para aquele momento de vida, ele não cabia mais. Não adiantava mais eu me espremer pra caber, como tinha feito na minha última experiência CLT.
Depois de alguns meses focando na minha saúde física e mental, eu voltei a trabalhar estreando meu terceiro tempo de carreira: como autônoma, na expressão em inglês solopreneur (empreendedora solo). Comecei a prestar consultoria e mentoria, ajudando empresas e pessoas a desenvolverem suas equipes e seus processos. No segundo tempo eu tinha evoluído muito como líder, descoberto o poder dos 1:1s e do acompanhamento individual e constante e logo percebi que isso era o que eu mais gostava de fazer como profissional. Consegui fazer liderados irem de uma baixa performance para promoções, identificando e destravando potenciais.
Hoje, ajudo pessoas que a) querem dar o próximo passo na carreira e se sentem estagnadas, b) ainda não são mas querem virar líderes e c) líderes que precisam estruturar times e equipes, e aprender a entregar resultado através deles.
Comecei também a dar aulas, e sou professora do curso Formação Head de Marketing da The CMOs, em que dou aulas sobre inteligência emocional e empatia assertiva, cultura da empresa, processos, rotinas e rituais, dentre outros, e onde estou constantemente aprendendo com os alunos.
E comecei tudo isso aos pouquinhos, ainda sem uma marca ou empresa formada, só sendo eu mesma, quase organicamente e recebendo mentorados principalmente a partir do networking estabelecido nos tempos 1 e 2 - eu nem sabia que tinha uma rede tão forte, até precisar dela! Mas ainda tinha e tenho dificuldades de me posicionar e me vender, pois, como muitos marketeiros por aí, eu funcionava em modo casa de ferreiro, espeto de pau: não sabia fazer marketing pessoal. Ainda não sei direito. Mas entendi que, nesse terceiro tempo, eu vou ter que aprender.
Para fazer isso, há 1 ano, quando estava já grávida de 6 meses, lancei a minha marca, a PZB Consultoria e Mentoria, que nasceu junto com o rebranding desta newsletter que foi De Luto e Lutas - relatos de uma ex-workaholic mãe de 2 anjos para Somos Nós - por Paola Z.Behs (se quiser saber mais sobre essa mudança, leia esse texto. Essa newsletter que, aliás, tem sido uma das estrelas deste terceiro tempo - ela nasceu em maio de 2023, ao mesmo tempo que eu dizia não ao mercado corporativo. Ainda não tenho nenhuma renda vinculada a ela, mas já a considero parte da minha carreira, com um destaque todo especial: é ela que agora me permite me denominar também, escritora. Já estamos no texto 44 e mantendo as publicações em média a cada 2 semanas nesses dois anos. É muita escrita e muita entrega pra fazer isso acontecer, e eu sinto cada vez mais orgulho disso.
Eu resolvi deixar a marca pronta e levemente hibernando, enquanto focava em ser mãe em tempo integral nos primeiros meses da minha filha. A PZB foi acordando aos poucos, a partir de janeiro, quando comecei a atender alguns mentorados, em horários friamente calculados para conciliar com as mamadas da minha bebê, então com 3 meses. Desde maio, estou com mais foco tentando dar uma acelerada. Uma acelerada devagar, como esse tempo pede (e permite). Na semana passada, finalizei o portfolio PZB, um material que me apresento e apresento meus serviços - se quiser receber, me dá um alô nos comentários ou no whats que te mando! Esse texto de agora, humildemente, também faz parte da minha estratégia de divulgação da PZB.
Agora, neste terceiro tempo, é o momento de valorizar cada vez mais ele, justamente, o tempo. Minha obstetra me disse algo, nas últimas consultas antes da minha filha nascer, que me fez muito sentido: quando a gente vira mãe, nossa hora fica mais cara. E não só o valor da remuneração em si. Mas o nível de exigência em relação às atividades profissionais que fazemos sobe. Para deixar nossos bebês, tem que valer muito a pena.
E isso até pode ser contraditório, porque agora eu ganho menos, em valores absolutos. Não está sendo um tempo de acumular reservas, isso eu fiz no segundo tempo. Agora é tempo de, novamente, voltar a plantar. Voltar a construir. O que eu vinha construindo até então era uma casa que já não me servia mais. Não cabia a mim e a minha família nela. Agora preciso de força, paciência e apoio, principalmente do meu marido, para colocar cada tijolinho nessa nova construção. E fazer com que essa construção e essa nova casa tenha mais a minha cara do que qualquer outra que eu tenha passado. É tempo de ter mais significado no trabalho.
Sou muito grata por cada experiência de cada um desses três tempos. Eu fui bem feliz em todos eles - pelo menos até chegar no limite da mudança de tempo, que trouxe aquele incômodo que promoveu mudanças. Sempre me diverti no trabalho, trabalhei em equipes incríveis. Acho que (quase) tudo foi válido - tirando uma ou outra decepção, que também faz parte. Todas essas experiências construíram meu repertório, me trouxeram até aqui e fizeram com que, hoje, eu possa atuar como mentora, professora e CMO / executiva as a service baseado no que eu aprendi nos mais de 15 anos de mercado corporativo. Agradeço cada pessoa com quem eu trabalhei e me ensinou algo - até aqueles que me ensinaram o que não fazer rsrs.
Não tenho um histórico de 5 carreiras, mas tenho três tempos bem distintos nela, cada um com suas características e prioridades. Quando comecei, eu só enxergava a linearidade como possibilidade: uma carreira ascendente em funções de liderança em uma grande empresa. Depois descobri o mundo da tecnologia e das startups e achei o máximo e que ficaria nele por anos e anos. E fiquei 7. Mas daí mudei. Não quis mais isso. Não é mais tempo para isso. E ter esse entendimento tem me deixado mais tranquila em relação às minhas prioridades e decisões.
Agora, é tempo de fazer o que eu mais gosto, trabalhar com pessoas. De talvez ganhar menos, pelo menos nesse início (e baseado em muitos privilégios, como sempre falo). Mas de sentir, cada vez mais, sentido e impacto no meu trabalho. Eu faço isso por mim e pela minha filha. Eu quero que ela saiba que a mãe dela não aceitou as coisas como elas eram. Que a mãe dela respeitou a própria história, mas entendeu que precisava começar uma nova.
Quem vem comigo? Alguém mais mudando de tempos de carreira por aí? Me conta nos comentários!
Se quiser conhecer mais dos serviços da PZB Consultoria e Mentoria, me chama no whats ou comenta nesse texto que te mando - vou ficar super feliz e honrada com o seu interesse! Nesse momento, a divulgação e o entendimento das pessoas sobre a PZB é o que mais busco :)
Também ofereço minhas mentorias via a plataforma da E-mentor, o maior ecossistema de mentorias do Brasil. Acesse meu perfil na e-mentor pra conhecer melhor - se quiser você pode inclusive agendar diretamente por lá!




Para quem quiser aprofundar mais em alguns detalhes (incluindo mais sórdidos rsrs) da minha carreira, leia os textos em que eu explico porque eu me considero uma ex-workaholic - lá tem também umas fotinhos bem legais de cada um desses tempos:
Que trajetória e tanto, hein, Paola?! Adorei seu relato e a forma como organizou seus tempos de carreira para extrair os aprendizados. Nem sempre conseguimos olhar para nossa trajetória e compreender que cada pedacinho do passado contribuiu para quem somos hoje. Você fez isso com maestria. Parabéns!
Um beijo
Mais uma vez uma ótima reflexão. Muito orgulho de te ver saindo da zona de conforto e olhando para novas possibilidades. Ficou lindo teu novo branding e o portfólio de serviços é maravilhoso. Como tudo que já fizeste e faz, tenho certeza que será uma nova jornada de muito sucesso, e dessa vez muita plenitude!