#18: O Caminho da Artista
A descoberta é o acaso encontrando a mente preparada. Saber o que você prefere, em vez de humildemente dizer amém ao que o mundo lhe impõe como preferência, é manter sua alma viva.
(Se preferir, consuma esse texto em áudio clicando play acima)
No ano passado, ali por outubro, eu coloquei na minha cabeça que queria tentar "resolver a minha vida profissional antes do final do ano". Já falei um pouco sobre como eu percebi que esse tipo de pressão, que eu mesma me colocava, acabava sendo tóxica para mim, inclusive resultando nas crises de ansiedade que eu contei nesse texto, A pressa é inimiga da elaboração. Depois disso, acho que essa lição foi aprendida e eu tenho conseguido pegar mais leve comigo mesma.
Acho, pois com tudo que me aconteceu nos últimos 2 anos, eu percebi que os eventos em nossa vida acontecem numa sequência temporal, mas, em seu significado para nós, eles podem encontrar a própria ordem, a contínua linha de revelação. Quantas vezes a gente percebe do nada o significado de algo que aconteceu 3,4 anos atrás, que na época pareceu bizarro ou foi muito difícil e agora parece que se encaixa na nossa trajetória?
Tem sido exatamente assim para mim. Cada vez eu enxergo mais propósito em cada dificuldade que passei e entendo a serviço de que elas aconteceram. Claro, se eu pudesse escolher eu não teria passado por nada daquilo, mas encontrar significado faz com que lidar com as dores seja um pouco mais fácil.
Por exemplo, entendo que meu primeiro bebê veio pra me mostrar que eu não tinha controle de nada, e que eu precisava ter mais fé, me conectar mais com o mundo espiritual. Já o segundo veio para me mostrar que eu precisava fazer uma mudança mais radical na minha vida profissional, que aquela vida que eu levava não servia mais para mim e para a minha família. Ambas conclusões que eu não teria chegado tão cedo caso não tivesse passado por essas dores. E que claro, não vieram de imediato. Concluí isso tudo aos poucos, em muitas elaborações. Esses bebês e as suas perdas me transformaram. Profundamente. E rapidamente. E por isso sou muito grata.
Depois da perda do meu 2o bebê e de já começar a perceber que eu precisava mesmo mudar a minha vida, eu me dei um tempo para elaborar tudo que estava acontecendo. Foi quase um mini-sabático forçado. Penso que Deus percebeu que eu não teria coragem de tirar um sabático sozinha, então ele me forçou a tirar um rsrs. Foram 5 meses sem trabalhar e sem pensar em trabalho. Foi nesse período que esse canal aqui surgiu, e que a procura pelo meu redescobrimento profissional começou, mesmo que eu não estivesse ativamente pensando nisso.
Em setembro esse mini-sabático acabou e comecei a trabalhar com consultoria.
E aí em outubro eu senti que precisava dar mais alguns passos para redefinir o que eu queria da minha vida profissional. Me sentia um tanto quanto perdida, queria fazer algo diferente mas não sabia o quê. Eu já tinha ouvido mil indicações do livro "O Caminho do Artista", de Julia Cameron, um livro que se auto intitula "a bíblia da criatividade". Um pouco pretensioso, eu sei. Ele estava na minha listinha há tempo. E aí em um final de semana na casa dos meus pais vi o livro na cabeceira da minha irmã. Não sabia que ela tinha e pedi emprestado. Ela disse que pra ela não funcionou, mas que achava que eu ia gostar. Alguns dias depois uma amiga minha astróloga veio do nada me dizer que achava que eu devia ler o livro. Entendi os sinais do universo e decidi mergulhar na experiência, um pouco cética mas na fé que o livro se encaixaria bem no meu momento.
E de fato se encaixou.
Eu já falei brevemente em alguns textos anteriores sobre como foi a minha experiência a partir da leitura desse livro, mas achei que cabia aprofundar um pouco mais. Experiência, pois ele não é só um texto teórico, mas um guia prático dividido em 12 semanas. Um guia de como despertar a sua criatividade e o seu artista interior, e que vale não só pra quem se considera artista ou ligado à arte, mas para quem quer ter uma vida mais criativa e inspiradora, mesmo. Foi um período super rico e cheio de aprendizados para mim.
Cada semana tem um tema a ser trabalhado (segurança, identidade, abundância, conexão, etc) e alguns exercícios específicos para explorar aquele tema - por exemplo: liste 20 coisas que você mais gosta de fazer; descreva o seu dia ideal; faça uma viagem no tempo e escreva uma carta para o seu eu de 8 anos; liste 5 coisas que você faria se tivesse tempo e dinheiro ilimitado; entre tantas outras atividades. Mas o mais importante de tudo e a base sobre a qual o livro está ancorado são as páginas matinais e o encontro com o artista.
As páginas matinais
Todos os dias, ao acordar, a primeira coisa que você deve fazer (obviamente depois de fazer um xixizinho, escovar os dentes e talvez tomar uma água) é escrever 3 páginas à mão, em associação livre. Em associação livre significa escrever qualquer coisa que vem na cabeça, sem julgamentos ou grandes elaborações. Quase como se fosse uma sessão de terapia, só que ao invés do psicólogo quem nos escuta é o papel. A ideia é que seja a primeira coisa do dia para depositar ali tudo o que vem na mente quando ela está "limpa", depois de uma noite de sono, sem as preocupações e os acúmulos do dia.
Eu criei um pequeno ritual que consistia em, antes de começar, passar um óleo essencial de lavanda nas mãos e respirar fundo; durante o processo beber um copo grande de água morna, dica da ayurveda; e só mexer no celular depois que eu tivesse acabado de escrever. Até ali pela metade das 12 semanas, esse ritual funcionou bem bonitinho, todos os dias. Depois comecei a ficar um pouco mais cansada e preguiçosa e nem sempre conseguia manter o ritual ou escrever logo que acordasse, mas aprendi a ir abraçando as falhas do processo.
Inclusive, eu escrevi todo santo dia até a semana 8, sem falhar nenhuma vez.
Falhei pela primeira vez na manhã seguinte à minha segunda crise de ansiedade, quando fui parar no hospital e tive o diagnóstico de procurar um psiquiatra. O dia seguinte foi duro demais para eu encarar aquelas páginas em branco.
Isso porque o propósito delas é justamente colocar para fora tudo que pensamos e sentimos, para, após isso, conseguirmos começar o dia mais leve… Só que muitas vezes o que pensamos e sentimos é duro de encarar.
É preciso muita coragem para a gente se despir e se encarar, mesmo que seja só para a gente mesmo.
Já dizia Tchekhov: se quiser trabalhar na sua arte, trabalhe na sua vida. Para chegar na sua auto expressão, é preciso de um eu para se expressar. As páginas matinais colocam esse "Eu" em evidência.
A ideia é que essas páginas sejam só nossas. Que não sejam publicadas nem compartilhadas, que não sejam textos estruturados ou com algum destino específico - nada de textos aqui pra newsletter ou de tentar começar um livro. E assim, essa estratégia é recomendada para todas as pessoas, não só para quem gosta de escrever. Não é para escrever bonito, é só para escrever mesmo.
São páginas terapêuticas. E a recomendação é que você a princípio nem as releia, pelo menos não no início. Tinha semanas que eu lembrava de algum dia da semana anterior e ficava curiosa para revisar as minhas páginas daquele momento, mas tinha que me segurar. Mais para frente viria uma sugestão de leitura e revisão das páginas, que eu comento depois.
O encontro com a Artista
Uma vez por semana, é recomendado que você reserve algumas horas para o encontro com a Artista. No caso, a Artista (usado aqui no feminino por motivos óbvios) é você mesma. A ideia é que você faça algo sozinha, fora da sua rotina, e que você normalmente não faria.
Esses encontros tem um propósito inspiracional, em que você consiga encontrar e buscar inspiração em momentos em que a sua própria companhia seja prioridade.
Pode ser visitar um museu, fazer uma caminhada em um parque que você nunca foi, assistir um filme dos anos 20 que você nunca assistiria, ir a um sebo ou antiquário e ver o que chama a sua atenção, reorganizar o seu armário e provar novamente todas as suas roupas preferidas, fazendo novas combinações. A ideia é a cada semana fazer algo realmente diferente e fora do usual, para explorar a sua criatividade e seus desejos.
Claro que isso leva tempo e é preciso organização e disciplina para conseguir promover semanalmente esses encontros. A autora comenta que, em geral, as pessoas acham mais fácil escrever todos os dias as páginas, em um processo mais mecânico, do que sair da rotina e criar seus encontros com a Artista sem roteiro definido. Brincadeira é algo que assusta um workaholic rsrs.
E de fato, foi assim para mim. Em algumas semanas eu não consegui fazer o encontro, mas quando eu fiz, foi realmente incrível e energizante. Teve um dia que passei uma tarde no Jardim Botânico de Porto Alegre, que fica a 10min da minha casa e, em 5 anos morando aqui, eu nunca tinha ido. Caminhei por lá, levei um livro, senti o sol bater no rosto.. Me senti plena na beleza do simples.
Em outro encontro fiz uma aula de cerâmica, que eu amei e foi um desafio grande, pois trabalhar com as mãos é algo bem fora do meu usual e eu me achava meio bruta para isso. Agora temos na nossa cozinha duas cumbuquinhas que foram o resultado desse processo e que eu guardo com todo carinho.
Também visitei o museu Iberê Camargo, que já tinha ido mas queria voltar, com tempo. Fiz alguns passeios de bike, que eu adoro, mas nunca priorizo. Um outro dia eu parei pra reorganizar todos os livros da casa, que estavam espalhados em todos os cantos. Criei espaços e categorias específicas, descartei e separei alguns para doar e outros para ler ou reler. Foi super inspirador e me aproximou da arte que eu quero fazer.
Para além das atividades específicas que eu fiz, o mais legal é que foram momentos que eu pude simplesmente dar um espaço para descobrir coisas novas que eu talvez pudesse gostar, como a cerâmica, por exemplo. E que eu pudesse curtir, sozinha. Como é bom quando a gente aprende a aproveitar a própria companhia, não é? Sem pressa.
A gente descobre coisas novas sobre si mesma e se sente viva de verdade. Começa a ter outras ideias, relacionadas ou não com aquela vivência. Porque de alguma forma a gente está se preparando para aquelas ideias e descobertas.
A descoberta é o acaso encontrando a mente preparada.
Saber o que você prefere, em vez de humildemente dizer amém ao que o mundo lhe impõe como preferência, é manter sua alma viva.









Mas e aí, qual foi o resultado disso tudo?
Como vivemos em uma sociedade capitalista, é difícil investir o tempo que o livro propõe de dedicação a si mesmo (que é bem alto) sem esperar um resultado. Eu não tive um único resultado concreto, mas eu tive uma profusão de caminhos e alternativas que eu acho que não teria chegado se não tivesse me aberto a essa experiência.
Na semana 8 a autora sugere que aí sim, você releia suas páginas, buscando insights de aprendizados e ações que pode levar para a sua vida. Eu fiz isso naquele momento e depois no final das 12 semanas, para ler tudo completo. Meus registros desses insights geraram 9 páginas no Google Docs. 9 páginas, pessoal. Quando a gente acha que já tem um bom nível de auto-conhecimento, vai lá e descobre 9 páginas novas rsrsrs. Usei até o chat GPT pra me ajudar a classificar os principais pontos de lá. E com base nisso queria compartilhar com vocês 7 (um número cabalístico rs) dos principais aprendizados desse processo e também várias citações que eu peguei do livro e que fizeram muito sentido para mim.
1. O entusiasmo da criança interior
Muitos dos exercícios que o livro propõe dizem respeito à conexão com a nossa criança. Com quem fomos. Relembrar quais eram as vontades e preferências dessa criança. A retomada dela é essencial para uma vida mais criativa.
Ser artista requer mais entusiasmo que disciplina. E o entusiasmo não é um estado emocional, ele é um reconhecimento de toda a criatividade ao nosso redor. O entusiasmo (do grego "tomado por Deus") é uma fonte de energia constante gerada do próprio fluir da vida. É baseado em brincadeira e não em trabalho.
Para trabalhar nosso lado artista, precisamos retomar a criança artista. Agradá-la. Por isso, muitos dos encontros com o Artista podem e devem ser lúdicos e divertidos. Sem regras ou pré-concepções.
É importante reservar tempo suficiente em sua vida para fazer algo que te deixe feliz, satisfeito, exultante até. Isso traz mais bem-estar do que qualquer massagem ou técnica moderna de wellness que se vê por aí.
2. A luz da criatividade
A mente pode ser como um quarto. Ali guardamos nossas ideias típicas sobre a vida, sobre o que é possível ou não. Como todo quarto, tem uma porta, e nesse caso ela fica entreaberta. Através dela, conseguimos enxergar que fora do quarto tem uma luz brilhante. Ali ficam as ideias que consideramos que não são para nós ou que são muito difíceis e fora do nosso alcance.
Dentro do quarto ficam nossas ideias de conforto.
Fora dele, na luz, estão as ideias que nos causam desconforto.
O desafio é permitir que essas ideias possam entrar dentro do quarto. Que a gente encare o desconforto e escute elas.
Precisamos aprender a escutar. A nos escutar. A escutar a nossa voz interior, aquela que nos diz "faça isso, tente isso, vá por aqui…". Existem alguns momentos de clara inspiração que exigem a nossa fé para segui-los. Dar saltos no escuro.
A criatividade começa na escuridão.
Muitas vezes pensamos "acendeu uma luzinha na minha cabeça e eu entendi tudo". Muitas vezes grandes ideias chegam como um clarão repentino. Só que muitas vezes a gente esquece que essas ideias brilhantes são precedidas por um momento de gestação interna, uma etapa turva e completamente necessária.
A autora, Julia Cameron, fala: “Nossas criações são todas como bebês. Não podem ser arrancadas prematuramente do nosso útero criativo. Ideias formam-se na caverna escura no interior da consciência. Formam-se em pingos e gotas, e não em tijolos. Precisamos aprender a esperar que as ideias se formem”.
3. Você é seu próprio país
Cada um de nós é o seu próprio país, um lugar interessante para se visitar. E existe uma visão em teorias da criatividade, que diz nós só somos um canal criativo. A partir de nós, o que quer ser criado, é criado.
Só que para isso, a gente precisa explorar cada vez mais a nossa originalidade.
A arte é o momento do encontro com nós mesmos: nós encontramos nossa verdade e encontramos nós mesmos; nós encontramos a nós mesmos e encontramos a auto-expressão. Nós nos tornamos originais, porque nos tornamos algo específico: uma origem a partir da qual o trabalho flui.
Quando temos clareza sobre quem somos e o que estamos fazendo, a energia flui livremente e sem esforço. Quando resistimos ao que essa energia pode nos mostrar ou para onde pode nos levar, muitas vezes sentimos insegurança e descontrole.
Quanto ficamos invejando as realizações dos outros, deixamos de olhar para a nossa trajetória. O desejo de ser o melhor pode sufocar o simples desejo de ser. Isso nos coloca na defensiva. Exige que a pessoa defina sua criatividade nos termos dos outros.
O desejo de ser o melhor pode sufocar o simples desejo de ser.
Só eu posso criar o que eu posso criar. Só eu posso ter essa newsletter aqui e falar da forma que eu falo sobre os temas que eu falo. Ninguém poderia fazer igual. E com isso, qualquer tipo de comparação passa a não fazer sentido. Para nada na vida. Só a gente é nosso próprio país. Só nós temos as nossas vivências, nossos contextos, nossos aprendizados. Só a gente pode criar o que a gente cria. E com isso, quanta coisa legal, original e com a nossa marca pode sair, né? Você só precisa ser você.
“Seja realmente inteiro e todas as coisas virão até você" (Lao-Tsé).
4. Só comece
A autora fala muito sobre "preencher a forma". Precisamos começar. Não cair no perfeccionismo do ego. Nem na procrastinação.
Não chame a procrastinação de preguiça. Chame-a de medo.
Ter dificuldade de começar um projeto não significa que você não consegue fazê-lo. Significa que você precisará de ajuda - de um poder superior, de amigos que acreditam mais em você do que você mesmo, de um coach que seja. Tenha coragem de pedir ajuda.
Tenha coragem de explorar o desconhecido, de começar a preencher a forma sem saber onde vai chegar. O homem não pode aprender nada a não ser indo do conhecido para o desconhecido.
"Nós aprendemos indo / Aonde devemos ir". (Theodore Roethke).
5. Trabalho e dinheiro
“O custo de uma coisa é a quantidade de vida gasta em troca daquilo, imediatamente ou a longo prazo” (Henry David Thoreau).
E esse é um dos principais motivos que eu resolvi sair do mundo corporativo e de uma carreira tradicional. O custo da vida.
Muitas vezes as pessoas tentam viver a vida ao contrário: tentam ter mais coisas ou mais dinheiro a fim de ter mais do que elas querem, a fim de serem mais felizes, mas a forma que a vida funciona é o contrário. Primeiro, você precisa ser quem realmente é, para então fazer o que precisa fazer para ter o que realmente quer.
Muitas pessoas associam dificuldade à virtude. O trabalho duro que é bom, um emprego terrível constrói a nossa fibra moral e nossa resiliência. O que nos vem com facilidade - um talento para escrita, por exemplo, muitas vezes é visto com desconfiança por nós mesmos.
Eu ainda fico nesse lugar, algumas vezes. Meu desafio é conseguir acreditar que eu consigo ter uma vida baseada nessa energia criativa. Que eu consigo ter uma renda a partir disso. Não devemos ser avarentos com nós mesmos ou ter o pensamento de escassez. Não precisamos ter medo que a nossa sorte se esgote algum dia. Deus e o universo é um fluxo de energia que gosta de se expandir, infinitamente. Não há limites para essa energia.
6. Processo é progresso
A arte é um processo. O processo precisa e deve ser divertido. A jornada é sempre a única chegada. O trabalho criativo é nossa criatividade brincando pelos campos do tempo.
Pense no seu talento como um cavalo jovem e arredio que você está cavalgando. Esse cavalo é muito talentoso, mas também é novo, nervoso e inexperiente. Cometerá erros, sentirá medo de obstáculos que nunca viu antes. Pode até fugir correndo, tentar derrubá-lo, fingir que está manco. Seu trabalho, como jóquei criativo, é manter seu cavalo andando e guiá-lo até o fim da pista.
Se você passa por um processo como esse e começa a perceber que não sabe mais quem é, que não se reconhece mais.. Que ótimo. Quanto mais você se sentir em terreno desconhecido, mais você está evoluindo. Você é sua terra prometida, você é sua própria fronteira. Você pode estar perdendo a cabeça - ou recuperando a alma. A vida deve ser um encontro com o artista.
7. Manifestar e afirmar
Nós tendemos a ser nossos maiores críticos, nossos censores. Mas nós podemos aprender a controlar esse censor, e o livro traz vários exercícios para isso. E a principal ferramenta para isso são as "afirmações". Basicamente ficar repetindo para si, em voz alta ou por escrito, algumas afirmações positivas para contradizer o censor. Trazer a realidade o que a gente quer que ela seja. Manifestar. Algumas das afirmações que eu criei e usei:
Eu sou uma ótima escritora;
Eu sou capaz de encontrar uma fonte de renda baseada na criatividade e que seja abundante;
Eu sou corajosa e não preciso ter medo de reinventar a minha vida.
Além disso, não podemos deixar o primeiro pensamento negativo se enraizar. Aceitar a semente da dúvida é como o alcoólatra que aceita o primeiro drinque. Aquela dúvida gera outras e entramos em um ciclo negativo. "Talvez aquela crítica esteja certa..". Para isso, precisamos trazer afirmações positivas.
Tá, mas afinal o que tem de prático nisso tudo?
Talvez não tanto, ainda. Eu trouxe só um resumo dos principais aprendizados gerais sobre criatividade que eu levei. Além deles, tive mais muitos outros, super pessoais e específicos. O que eu posso adiantar que levo e levei de maneira prática dessa experiência de 12 semanas:
Eu quero ser escritora. Eu quero ter um livro. Eu posso ganhar dinheiro com a escrita. E eu tenho um plano para isso. Aguardem;
Eu preciso reservar tempo para a minha artista interior. Decidi deixar sempre 1 tarde 100% livre por semana para isso, para fazer pequenas explorações e encontros com a Artista;
Passei a ficar 1 dia da semana longe do Instagram, todo sábado, para resetar a minha mente. Tem sido libertador;
Estou muito mais interessada em arte no geral - música, ficção, artes visuais. A arte tem me inspirado muito;
O poder da voz e da escuta: a partir de alguns insights desse processo eu comecei a lançar partes dos meus textos em locuções de reels e também em trazer o texto em áudio aqui e estou adorando. Quem sabe um podcast esteja nos planos futuros?
Quero criar uma marca pessoal, uma logomarca, que represente quem eu sou hoje, nas frentes em que atuo no momento - executiva as a service, escritora, consultora.
Acho que isso tudo já é bastante coisa, concordam?
Para mim viver essas 12 semanas foi super importante. Como falei, em alguns momentos rolou preguiça e eu achava até os exercícios meio chatos. Investia 30/40min todas as manhãs nas páginas e mais outras horas pra fazer os exercícios e o encontro com o artista. Precisei de bastante foco e disciplina.
Recomendo a experiência para todos que quiserem refletir sobre como criar uma vida mais criativa para si mesmos. E para isso não é necessário querer ser artista ou estar no mundo das artes. Só é necessário querer ser um canal de criação. De algo. De algo que seja só seu. Mas só entre nessa se você estiver de coração aberto e com tempo - estimo que 4 ou 5 horas por semana no mínimo.
A vida criativa não é baseada em fantasia, mas sim em realidade. No particular, no foco, no bem observado ou especificamente imaginado. Para quem quiser focar, observar, e explorar, se joguem! E depois me contem.
Para quem não quiser, ou pelo menos não ainda, espero que essas ideias tenham de qualquer forma os inspirado a trazer mais a arte para a sua vida. A deixar a sua criança interior brincar. E a estar em um processo contínuo de redescobrimento de si mesmo.
Leia os textos anteriores
#17. Sujeito do meu próprio tempo
(esse texto traz um novidade: a partir de agora, disponibilizo ele também em áudio, pra quem preferir consumir nesse formato e escutar minha linda voz rsrsrs. espero que curtam - e por favor me mandem feedbacks sobre isso!)
#16: Saindo do modo controle e entrando no modo entrega
Lancei esse canal aqui em maio do ano passado, no dia das mães. Foram 15 textos desde então. Só que, segundo o meu planejamento, seriam 17 e eu teria lançado dois textos a mais em 2023, incluindo um texto de fechamento do ano. Quis o destino me mostrar mais uma vez que ele não está nem aí para o meu planejamento. Entre novembro e dezembro fiquei 1 mês se…
Encontrei seu texto no comentário de um post sobre esse livro, e só posso dizer que me fez ter muita vontade de (me) dar uma nova chance com ele! Já tentei 2 vezes e não passei da primeira semana, total falta de foco. Mas tenho fé que vou conseguir. Obrigada!!!